OLÁ AMANTES POR LIVROS,
Eu sei que estamos ausentes, mas fim de ano é sempre essa correria. Presentes, confraternizações, entregas de relatórios, balanço do ano e outras coisas mais. Por este e mais outros motivos, ficamos ausentes tanto tempo. Faremos breves postagens até o final do ano, mas estamos preparando muitas coisas pro ano que vem, inclusive, cobertura da Bienal do Livro. Mas isso tudo são projetos que aparecerão ao longo do ano.
Hoje vamos apresentar a resenha do livro Essa Constante Impermanência do autor Eduardo Merçon. Como um bom nerd e fã de Led Zeppelin, Eduardo consegue transmitir com leveza e inteligência suas visões de mundo. Ele também é de descendência portuguesa, o que marca diversas referências lusitanas.
O livro é dividido em quatro partes: Impermanência do Diálogo, Impermanência dos Sentidos, Impermanência do Amor e Impermanência do Mundo. Essa divisão foi muito bem organizada, pois, somos impermanentes, somos dinâmicos como um vento, o que fomos ontem não somos hoje e muito menos seremos amanhã. Todo dia é dia de abrir o olho para uma situação antiga ou aceitar o novo por cansaço do velho. Somos dinâmicos e esse livre arbítrio é passível de freios, já que somos construídos com bases em convenções sociais, culturais, religiosas e financeiras. Durante a crítica, não será indicada a parte onde a poesia citada está contida, cabe a quem estiver lendo direcioná-las para onde bem entende.
Logo na primeira poesia, o autor mostra a que veio com Prólogo para o Século XXI. Sua prolixia crítica acerca do atual momento da sociedade, joga na nossa cara o que somos hoje em dia, seres (des) humanos ou seres (não) humanos, já que vivemos no individualismo onde "eu sou mais eu" e nos vemos e convivemos através de telas de led's ou de micro telas de poucas polegadas. Destaco o primeiro versículo:
Aqui nasce um século
por inseminação artificial
de muitas mães e muitos pais,
que não perde cordão umbilical;
século que congela suas células
esperando viver mais,
cada vez menos.
A escrita dele é fantástica, a verdade nua e crua exposta ali para pensarmos o que é o século XXI. Apesar de estarmos "totalmente socializados", enfrentamos conflitos cada vez mais sérios e muitas vezes escondidos, onde quem perde são as pessoas que empunham uma arma para um inocente em nome de uma possível nação, religião ou opinião correta, onde a minha verdade é a certa. Neste caso, permaneço ainda na mesma poesia que possui uma crítica completa e coesa, um banho de realidade, que muitas vezes esquecemos, pois, já temos nossa comida, nossa cama e nossa suposta liberdade:
Acredito que todo mundo ama beber um belo copo de água geladíssima quando se está com muito calor e "morrendo" de sede. Também tenho certeza que descansar quando se está exausto, é um dos maiores prazeres da vida. Eduardo também consegue transcrever esses sentimentos em palavras, fortalecendo ainda mais minha opinião sobre a rica arte desse cara ao escrever poesias contemporâneas sobre praticamente tudo. Um dos que confirmam esta opinião é "As Cores de Van Gogh":Aqui nasce um séculoe um terceiro milênioque ainda vive muitas guerras,um tanto silenciosas,de realidades desiguaiscorruptas, étnicas, religiosas,urbanas, globais e virtuais.
O sol hoje acordouComo qualquer pessoas, temos um ídolo: Homer Simpson, Kurt Cobain, James Hetfield, Gandhi, Buda, dentre outros. Porém poucos conseguem homenageá-los de uma forma bonita, além de dizer o velho "você me inspira". Merçon, como disse anteriormente, é um fã incondicional de Led Zeppelin e dedicar uma poesia para essa grande banda é uma honra, principalmente, Jimmy Page guitarrista e um dos principais membros da banda. Em "O Riff de Page", Merçon brinca impecavelmente com as músicas relacionando-as com o sentimento que se tem ao ouvi-las:
recitando Van Gogh
amarelo ouro
amarelo raro
bordando o branco,
desbotando o azul claro.
Inauditas cores,
em choques ecoam
pelos escuros abismos
que talham meu peito
e ao caírem infundem
um painel de desejos.
Se o riff de PageBom, falei de alguns textos que me marcaram bastante. Como dá para perceber, a escrita do Eduardo é muito leve e objetiva, o que ele quer dizer é transmitido alto e claro como uma bela melodia, inclusive, do próprio Led Zeppelin. Os devaneios e críticas são sensatas e mostra a inquietude do autor em relação a hoje, mas como não somos feitos apenas de críticas, falar de amor e sentimentos é uma fuga da alma para lembrar do quanto somos felizes. Criticar ou resenhar um livro de poesias e contos, para mim, é sempre um desafio. Não dá para falar de todos, porque o post ficaria infinito, mas esses ficam na vitrine para expor essas canções que devem ser lidas, pensadas e repensadas.
é etéreo,
vem do nada,
toma vida no infinito instante
entre a nota e o som vibrante
selvagem, cerebral,
não mais fugaz que perenal. (...)
(...) Efeito prolongado e profundo
entre a alma e o mundo,
só falha na comunicação
com os ouvidos desalmados
e sua fruição nos conduza algum paraíso,
em degraus...
Eduardo, muito obrigado por nos presentear com esta obra, que tenho certeza que é um filho para você. Não ouso dar notas para livros com pensamentos, pois, cada leitor deve sentir e retirar sua opinião daquilo que lhe marca. Acredito que todo mundo deveria ter acesso a pensamentos assim, para ajudar nas próprias inquietudes.
Fica aqui essa humilde crítica para aqueles que se aventuram nestes endereços literários em busca de inspiração, de conforto ou apenas de mais tormentas para a mente. Lembrem-se de expressar suas ideias aqui embaixo e é claro, curtir e divulgar nosso blog. Até outra hora!
Que delícia, livro de poesia. Amo!
ResponderExcluiré incomum os blogs fazerem resenhas de livros de poesias, apesar de muitos se dizerem literários e que visam divulgar a literatura...
O pouco que vi, pois poesia, por vezes, é subjetiva, me parece visceral e resiliente. Pronta para vestir em nossa derme e podermos usá-la, degustá-la como aprouver...
Adorei a resenha.
Parabéns!
http://poesianaalmaliteraria.blogspot.com.br/
Ser poeta:
ResponderExcluirO autor da obra sentiu o mundo tal e qual o viveu na sua infância ( num 1⁰ momento). Ou se vive em sociedade familiar ou não se vive mas escreve-se. Ninguém poderá ser 100% poeta sendo comprometido com a vida.
O tema é muito interessante. Adorei parte do livro. Recomendo a leitura. Nao pretendo ser INVASIVA!!