segunda-feira, 7 de abril de 2014

Resenha: Menina (Mitacuña), do autor Paulo Stucchi

OLÁ PESSOAL,

Hoje postarei a resenha do livro fruto da nossa parceria com a Editora Schoba. De autoria de Paulo Stucchi, Menina (Mitacuña) retrata a dura realidade de um dos períodos mais sangrentos da história sulamericana: A Guerra do Paraguai. Ocorria entre 1864 e 1870, o conflito foi disseminado pela Tríplice Aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai contra as decisões expansionistas de Solano López. Vamos entender mais sobre este maravilhoso livro que retrata essa ponto importante de nossa história.

FICHA TÉCNICA

Título: Menina - Mitacuña
Autor: Paulo Stucchi
Editora: Schoba
Páginas: 256
Nota: 5/5



SINOPSE



Um soldado negro, desertor do exército imperial do Brasil, e uma menina guarani cruzam o território paraguaio rumo a Assunção. Ainda que em silêncio, cultivam uma amizade calcada naquilo que não pode (e não precisa) ser dito.

O cenário é a Guerra do Paraguai, conflito que dizimou a população masculina paraguaia e que, até hoje, é alvo de vários estudos históricos e de geopolítica.






RESENHA

Negro João é um escravo forte que está em fuga com uma pequena índia em solo paraguaio. O cenário é marcada pela Guerra do Paraguai, do qual ele participava apoiando o Exército Imperial Brasileiro contra o ditador Solano López, em um conflito sangrento.

Negro João era um escravo de uma proeminente fazenda de Petrópolis, onde vivia sobre a residência de seu Senhor, que tinha uma apatia muito grande por Negro João, pois sua mãe era uma ótima cozinheira. Criado diferentemente dos outros escravos, o Senhor de Negro João pôde ensiná-lo a atirar e cavalgar, coisas que o protagonista sabia fazer muito bem.

Por sua vez, a índia de nome María, teve sua realidade mudada quando a guerra chega ao seu pequeno povoado, dizimando boa parte de seus entes queridos. Não tendo mais ninguém a não ser o seu irmão, que logo é carregado para o conflito.

Paralelamente as essas histórias, encontra-se o Cabo Reis, extremamente ferido durante a guerra buscando uma vingança doentia contra o algoz responsável pela sua deformação. Juntos, estes personagens percorrem cenários e interesses políticos nesta devastadora história de amizade, honra e guerra.

Iniciarei pela qualidade de escrita do autor. Sua formação jornalística, com certeza, conseguiu influenciar bastante na fluidez da história, trazendo aspectos simples e objetivos, mostrando a crueldade de uma guerra e as histórias que se desenvolvem a partir dela. É uma escrita que mescla, em alguns pontos, a língua portuguesa com a língua espanhola, fazendo com o que o leitor sinta-se na pele dos personagens.

Cada personagem é embalado por uma formação própria. No caso dos protagonistas, Negro João e María, a origem humilde de ambos faz com que a conexão entre eles seja forte durante toda a história.  Já a busca por vingança do Cabo Reis, faz com que seja perceptível as mudanças que um homem sofre durante conflitos desse porte, sendo que seu caráter já é formado antes mesmo da Guerra. Em relação ao desenvolvimento dos personagens, o escritor trabalhou a partir de flashbacks antes e durante a Guerra, mostrando a transformação sofrida por eles, mas pelo fato da história principal ocorrer em poucos dias, não há grandes evoluções, a não ser àquelas já mostradas durante a apresentação dos personagens.

As cenas das guerras são cruas e duras, não existe embelezamento dos conflitos, mas sim a dura realidade do cotidiano de guerra e a falta de esperança dos soldados. Cabe chamar a tenção para a Batalha de Acosta Ñu onde acredita-se que mais de 3.500 jovens e 500 veteranos lutaram contra o exército imperial, causando uma carnificina devastadora.

A qualidade do material é outro ponto impecável da obra. A impressão em papel pólen, que reflete menos luz e é bastante grossa, torna a leitura muito mais confortável e agradável, fazendo os olhos do leitor percorrer as páginas em pouco tempo. A grossura das folhas, nos dá impressão que já foram lidas muitas páginas, onde na verdade se assaram poucas, essa sensação é muito agradável, criando a percepção que estamos lendo muito rápido. A diagramação também ficou muito boa e as divisões dos capítulos, mudanças de datas e flashbacks dos personagens são bem colocados, o leitor precisa apenas manter atenção nestas mudanças para não ficar perdido, sendo que o autor consegue fazer tudo isso sem perder o tempo da narrativa.

A capa combina com todos os aspectos da história e foca na María, que mesmo criança sofre com os horrores de mortes cruéis. A qualidade da impressão e da capa, conquista o leitor a primeira vista. Em relação a revisão, foram encontrados apenas dois erros de digitação, praticamente imperceptíveis, nada que faça desmerecer a obra ou revisão.

No geral, não foram encontrados imperfeições, o livro teve uma pesquisa aprofundada e respeitosa para todos os lados envolvidos. Não se busca proteger lados políticos, mas em demonstrar uma parte da história em que os que mais sofrem são os inocentes. O livro terá sua publicação no Paraguai, fato que me chamou muita atenção, como o livro passa em território paraguaio, nada mais justo do que esta mera homenagem, principalmente, às mulheres, que desassistidas dos homens porém fortes, conseguiram contribuir para a recuperação do país. Até hoje a diferença entre a população feminina e masculina é alarmante. O mais interessante é que o Paraguai foi o único país onde a Igreja Católica permitiu a poligamia, com o intuito de aumentar a população.

Só tenho a recomendar este livro. Como sou Professor, me deixa muito feliz ver que os autores estão criando histórias  onde o plano de fundo são nossos conflitos, facilitando a aprendizagem de fatos muitas vezes não mencionados durante as aulas. Nós leitores acompanhamos muitas histórias onde os cenários são distantes de nossa realidade, mas a narrativa fica muito mais forte quando retrata lugares próximos a nossa realidade.


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Lembrem-se de comentarem e curtir o blog, sua opinião é importante para nós. Até mais pessoal.

3 comentários:

  1. Cleber, muito obrigado pelo post e elogio! Abraços. Paulo Stucchi

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    1. Muito obrigado Paulo, ficamos felizes por você ter gostado. Essa história tem todos os pontos necessários para marcar os leitores. Agradeço pela visita. Abraços

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