sábado, 25 de janeiro de 2014

Entrevista com Bernardo Fragoso, autor de Aquala e o Castelo da Província

OLÁ AMANTES POR LIVROS,

É com grande prazer que apresentamos mais uma entrevista com um amigo parceiro. É bom, quando a gente pode entrar em contato com pessoas que idealizaram mundos e ter o prazer de trocar ideias, além de poder falar diretamente o que achou da obra, não existe valor que pague isso.

Foi o que aconteceu com o Bernardo (vulgo Bergato...rsrsrs - apelido dado pelas fãs), de parceiro tornou-se amigo e além disso, é um escritor profissional e talentoso, que leva este trabalho como lazer. Quem achar que isso é "puxa saquismo", pode ir tirando o zarmo (animal de locomoção mais utilizado pelos Aqualaestes) da chuva, pois, nosso trabalho vem se solidificando cada vez mais.

Bom, deixando de muita conversa, vamos logo para entrevista conhecer mais sobre nosso parceiro (lindo!...hihihi).




APLF – Com quantos anos você começou a escrever? 

BF – Para falar a verdade, não me lembro muito bem qual foi a idade exata em que comecei a escrever, mas tenho um palpite de que tenha sido aos 12 anos. Já Aquala, comecei aos 16.

APLF – Qual seu gênero favorito?

BF – Sem dúvidas ficção, suspense e terror. São os três gêneros que eu tento repassar pelas histórias que eu crio. Acho que esses três gêneros combinam bastante e, se bem elaborados, formam uma excelente narrativa. Deixo os romances para os filmes.

APLF – Você poderia citar alguns autores que foram de grande inspiração para a história de Aquala?

BF – Pode ser clichê falar isso, mas sem dúvidas, JK Rowling foi a maior das inspirações. William Peter Blatty, com seu trabalho em "O Exorcista", e Edgar Alan Poe, que é meu escritor preferido, também me inspiraram a continuar com a escrita. Os trabalhos desses três me fascinam demais e me influenciaram, com toda a certeza, a investir mais e mais no desenvolvimento das minhas palavras.

APLF – Em conversas com outros autores, percebemos que muitos entram em um estado de transe para escrever. Como foi o processo de criação desta obra? 

BF – Pois bem, há um processo que eu sigo sempre e não me falha. Em minhas entrevistas eu falo sobre o impacto que a música tem sobre mim, do modo como eu viajo escutando música instrumental e da maneira como ela me leva a outros mundos. Todas as vezes em que vou escrever, há uma breve preparação, muitas vezes diária, em que eu escuto durante uma hora alguma música que me passe o que eu preciso sentir. Por exemplo, estou prestes a escrever sobre a morte de uma personagem que é importante para a história, e a cena é triste, então que tal ouvirmos "Farewell to Dobby", que é uma música que te deixa abatido? Para mim, dessa forma funciona e muito! Mas não é uma preparação longa e demorada, no momento em que eu termino de escrever, tudo muda e eu volto a ser o Bernardo de antes, por isso eu considero uma preparação diária.

APLF – Acho que é a primeira pergunta de todos: de onde veio Aquala?

BF – Não sei ao certo de onde Aquala surgiu, mas posso afirmar que nada saiu 100% da minha cabeça. Quando estava no 1º ano do ensino médio, decidi tentar a sorte e escrever um novo livro, novo porque já havia escrito estórias que não deram em nada, e sempre acabava desistindo. Sempre gostei muito do assunto "vida em outros planetas", pois é um mistério para todos nós e algo que sempre pode levar à boas discussões. No meio de uma aula audiovisual na minha antiga escola, comecei a escrever à mão em um caderno e tudo foi surgindo enquanto a escrita avançava, mas nem toda a estória já estava criada, uma vez que Aquala seria apenas um volume, e não uma trilogia.

APLF – Cada ser criado é único a exemplo dos thonzes e potucos. Veio tudo de sua imaginação ou algum livro e filme te inspiraram?

BF – Bem, eu tiro inspiração de tudo o que eu vejo, assisto e presencio, desde um filme e uma música à situações extraordinárias que aconteceram comigo ou com conhecidos meus. Antes de toda a narrativa ser concluída e definida, eu ia aos cinemas e assistia a um filme que me inspirava a escrever tal cena no livro (adaptada, obviamente), mas depois que eu percebi o que um filme poderia fazer com a minha imaginação, acabei por começar a vê-los com o intuito de ficar inspirado, e posso dizer que deu muito certo. Os potucos, por exemplo, foram inspirados no ET, do filme ET. O extraterrestre.


APLF – A perda da mãe do Thomas é forte e marcante. Essa história foi influenciada por algum caso próximo?

BF – Tudo o que eu escrevo acaba sendo um reflexo de alguma situação realmente vivenciada por mim, e posso dizer que a morte da mãe de Thomas não foi diferente. Minha mãe não morreu, mas nossa relação sempre foi, no mínimo, curiosa, visto que sempre houve brigas aqui em casa. Somos duas pessoas com gênios muito fortes e batemos nossas escolhas frente à frente desde que me conheço por gente. Contudo, hoje em dia lidamos muito bem um com o outro, já que estou na fase adulta e a adolescência já passou. Posso afirmar que sou o perfeito exemplo de que a puberdade é uma época atordoada para boa parte dos adolescentes.


APLF – Os pensamentos de Thomas é de um garoto sem muita perspectiva. Tudo bem que foi a visão dele, pois o pai, estava sempre desempregado. Essa situação foi pessoal?

BF – Talvez tenha sido, sim. O desemprego sempre esteve muito presente na minha casa, a exemplo da minha mãe mesmo, e durante muito tempo fomos sustentados pela minha avó. Olhando por esse lado, pode-se acreditar que foi fácil para mim repassar os pensamentos de Thomas para o papel, afinal talvez sejamos muito parecidos.


APLF – Aquala termina com a ideia de continuações, você pode dizer se toda a história já está criada? O próximo vai focar em quais aspectos da vida dos Flintch e de Aquala?

BF – Bem, Aquala é uma trilogia e o segundo livro já está pronto. O terceiro ainda está andamento, mas toda a história está definida. O que eu posso falar do segundo volume, é que muita coisa vai mudar na vida de Thomas e de seus amigos, pois há uma mudança no governo da principal província da história, e um estranho casal de irmãos, os Gukpuk, começam a governar de uma forma nada agradável. Logo as intenções desses irmãos são reveladas e Aquala vê a sua pior fase, conhecendo destruição como ela nunca foi vista antes.       


APLF – Não pude deixar de perceber que muitos aspectos da história, possui claras referências ao Harry Potter. Como o mundo do bruxo influenciou você?

BF – Sempre fui viciado em Harry Potter, e posso dizer que a história do bruxo foi o estopim para que eu escrevesse um livro. Hoje em dia nada se cria, tudo se copia. JK Rowling utilizou de algumas mitologias para criar a dela, da forma esculpida por ela como jamais foi vista, e eu uso da mesma forma, pegando uma mitologia já existente para usar como base em Aquala. Tive que pesquisar muito sobre a mitologia egípcia para desenvolver a história de Tertius, assim como várias outras, que podem ter seus aspectos entranhados no livro.


APLF – Ao pensar em Aquala, em algum momento você usou metáforas para mostrar pensamentos seus sobre o cotidiano dos terráqueos?

BF – As metáforas que existem no livro estão na sua forma verossímil de ler a história. Há muito sobre ecologia na narrativa, em como usamos tecnologia desenfreadamente e como não conhecemos nosso limite em desenvolver mais em cima do que já existe para evoluir. Esquecemos que a evolução deve ser interna, deve estar em nós, e não ser criada por nós.


APLF – Para mim a ideia da Sala de Phoerios foi muito bacana, deu um sentido de religião para o livro, como é colocado pelo pai de Thomas. Você acha importante pensar dessa forma?

BF – Acho que religião não é algo necessário para nós, mas ter uma crença, sim. Precisamos acreditar em algo para que possamos ter uma direção em nossas vidas. A religião faz isso muito bem com alguns, mas não em sua totalidade, e o fato de tê-la em Aquala pode ser visto como algo bom ou ruim para muitos dos leitores. O desenvolver da história e dos personagens está aí para que vejamos como a estética religiosa apresentada no livro acabará.


APLF – Quais foram as principais dificuldades para a publicação de Aquala? Qual foi o caminho até chegar à Editora Giostri.

BF – Não houve dificuldade na publicação, foi um caminho simples e direto. Há quase um ano, fui a um lançamento de uma amiga minha na Livraria Cultura e vi que seu livro tinha sido publicado pela Editora Giostri, que eu ainda não conhecia. Já tinha enviado originais de Aquala e o Castelo da Província para várias editoras, mas, por sorte, foi a Giostri que me abriu os braços. Em poucos dias meu e-mail foi respondido e uma grande e longa conversa se iniciou até que o livro estivesse impresso.


APLF – O que você acha que precisa melhorar no país, para que mais autores nacionais sejam reconhecidos?

BF – Bem, muitos livros estrangeiros fazem sucesso por aqui, livros excelentes que tem suas vendas em outros países refletidas nacionalmente. Muitas vezes dá certo, mas muitas vezes não. Devemos lembrar que o livro é um reflexo de nossa sociedade, do modo como atuamos e agimos em nosso dia-a-dia. Sendo assim, acho que devemos dar à literatura nacional o valor que ela merece, pois são histórias daqui contadas pelo -e para- o povo daqui, não há encaixe que sintetize melhor o que eu quero dizer. A divulgação de autores e livros nacionais não tem o seu investimento merecido, e muitas vezes são deixados de lado para que os estrangeiros passem. Por muitas vezes perde-se tempo e dinheiro demais para alcançar o sucesso que poderia ser encontrado facilmente ao nosso redor. Muitas vezes é uma simples questão de preconceito, dos próprios leitores não darem chance a uma leitura maravilhosa apenas pelo fato do livro ser brasileiro. Abra a sua mente!

APLF – Você coloca um romance entre Thomas e Laura. Quando você era mais novo passava pela mesma situação?

BF – Posso dizer que já passei por algo parecido, mas que não chega nem aos pés do romance de Thomas e Laura. Em O Castelo da Província, a relação entre os dois pode ser vista apenas como um bobo romance adolescente, de alguém que encontra, pela primeira vez, o significado do amor e não sabe reconhecer. A relação entre os dois evolui muito mais no segundo volume, intitulado de Aquala e o Tapete Proibido. Sobre a situação parecida já passada por mim, talvez tenha sido na quarta série, com uma menina venezuelana que estudou um ano na minha antiga escola. Depois que as aulas terminaram, ela voltou para o país natal e nunca mais a vi. Será que Thomas e Laura passarão pelo mesmo?


4 comentários:

  1. Adorei a entrevista. Foi muito esclarecedora. Já li o livro dele e é muito bom. Recomendo a leitura

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  2. Amei a entrevista !! Quero muito ler esse livro . :) autores brasileiros merecem mais apoio

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