OLÁ AMANTES POR LIVROS,
Hoje a resenha é dos livros da autora M. Gramacho. Cada livro dela nos trouxe reflexões sobre os nossos cotidianos e sentimentos. A resenha compreende os três livros, já que eles são de crônicas e mini contos. Falaremos sobre a impressão deixada sobre cada um dos três. A ordem das publicações começa com Histórias Mínimas, Sobre medos e flores e Azul inalcançável.
M. Gramacho define miniconto como:
uma espécie de conto muito pequeno, produção esta que tem sido associada ao minimalismo. Embora a teoria literária ainda não reconheça o miniconto como um gênero literário à parte, fica evidente que as características do miniconto são diferentes das de um "conto pequeno". No miniconto, muito mais importante que mostrar é sugerir, deixando ao leitor a tarefa de "preencher" as elipses narrativas e entender a história por trás da história escrita. No Brasil, o livro Ah,é?, de Dalton Trevisan, publicado em 1994, é considerado o ponto de partida do miniconto no seu formato contemporâneo.
RESENHAS
Cada livro é composto por minicontos ou crônicas que contribuem para uma reflexão diária sobre o nosso "eu" interior. É impressionante como estes minicontos possuem um quê dos finais de frases que a gente solta em certos momentos do dia a dia.
HISTÓRIAS MÍNIMAS
Ficha Técnica
Título: Histórias Mínimas
Editora: Kiron
Págs.: 60
O calor do amor, as dificuldades cotidianas, o fogo do sexo, os problemas dos seres humanos e outras questões são trabalhadas em textos rápidos que, apesar de serem pequenos, possuem uma magnitude de sentimentos impressionantes. Eu gostei muito dos textos de Gramacho porque ela trás coisas que a gente fala e acaba não percebendo o verdadeiro poder. Ela tem o dom de transformar coisas simples em um mar de reflexões aprofundadas.
CEREJAS - Pág. 37
Telefona:
- Morta de saudade. Sabe o que queria?
- Diga.
- Enfeitar teu sexo com cerejas. E devorar devagarzinho fruta e carne.
- É o que quer?
- Sim.
- Traga as cerejas.
SOBRE MEDOS E FLORES
Ficha Técnica
Título: Sobre medos e flores
Editora: Kiron
Págs.: 68
Sobre medos e flores, suas crônicas dizem exatamente o que o título propõe: os medos da vida e as coisas boas que acontecem nela. Fui bombardeada pelas palavras de Maiesse, e encontrei uma maior profundidade neste. Com certeza, foi o que mais me cativou.
Fiquei em dúvidas de como entender o livro, já que em poucas horas eu pude sentir todos os sentidos que passamos em etapas diferentes da vida. É a profundidade de se perder pessoas queridas e a profundidade de se querer perder em um amor.
Eu, literalmente, senti medo durante o livro, mas também fui atingida pelo cheiro das flores que só sentimentos como felicidade ou saudade podem trazer.
trecho da crônica LINHAS TORTAS - Pág. 39.
Adoro saber que o mundo é grande e que, enquanto escrevo este texto, milhões de coisas estão acontecendo "ao mesmo tempo agora". Sou meio Amélie Poulain. Encanto-me saber que, para o universo, sou menor que um grão de areia. E, mesmo assim, há pessoas que pensam em mim, me querem bem, se importam comigo.
trecho da crônica QUANDO O FIM É UM NOVO COMEÇO - Pág. 52
Encerrar ciclos, pôr ponto final, terminar capítulos, seja lá como chamemos, realmente não é fácil. Porém, muitas vezes é algo necessário, que se impõe. Não adianta ficar chovendo no molhado ou tentando reacender uma fogueira já apagada. É preciso abrir espaço para que novas coisas fluam e, para isso, é preciso coragem. Coragem para abandonar velhos padrões, comportamentos, amigos, amores, empregos. Enfim, coragem para recomeçar.
AZUL INALCANÇÁVEL
Ficha Técnica
Título: Histórias Mínimas
Editora: Kiron
Págs.: 64
O terceiro livro, também o mais recente, divide-se em duas partes: Nuvens e Ondas. A primeira trás minicontos e diálogos; A segunda parte, Ondas, nos faz mergulhar, literalmente, em um mar de contos.
Os minicontos se apresentam mais amadurecidos, trazendo questões mais aprofundadas, me fazendo sentir uma melancolia exacerbada. Cada miniconto mostra dores, vazios e nostalgia, sem aquela alta temperatura dos minicontos do primeiro livro. Tive a sensação de que a dor iguala-se a da perda de um grande amor, inclusive, das vontades quem vem junto a essas dores.
Os contos da segunda parte possuem um misto de esmorecimento e vontade de se libertar deste sentimento. Em Segredo, o amor contido, que fica na esperança de uma reciprocidade. Em Amor, covarde amor, os personagens possuem enorme sentimento um pelo outro, mas ambos esperam atitudes em relação ao futuro dos dois. Eles sofrem calados, enquanto que tudo poderia ter sido mais simplificado. Em Noite, a covardia dele a enoja e a existência dela o oprime, mas ambos se excitam um com o outro. Já em Aventura, a falta do amor leva a uma traição e esta ação se torna o motivo de sua vontade de mudar o fim de um ciclo. Por fim, Liberdade mostra a vontade de se libertar das amarras que o amor trás. Apesar de ser difícil e de parecer um caminho infinito, tudo começa com a coragem de tentar.
MEDOS - Pág. 27
- Tenho medo da morte, de avião, de cobra, de altura... E você?
- Eu?! Só de te perder.
DESESPERO - Pág. 44
Na casa vazia, o som do meu choro ecoa. Lástima desesperada por um amor cancelado.
Na casa vazia, vagueio tonta e cega pelas lágrimas.
Enlouqueço.
Minhas impressões sobre os livros da Maiesse Gramacho é que ela gravou em mim uma variabilidade de emoções bastante significativas. Ela simplesmente escreve, da mesma forma como vivemos: a cada minuto é uma diferença, é um amadurecimento, ou seja, não sou o que eu era ao contemplar os livros. Sou inconstante, assim como foram seus textos.
Cada livro possui sua particularidade, minicontos ou contos, cada um grava nas pequenas folhas a instabilidade que é ser humano. Isso me deixou receosa ao resenhar, fiquei paralisada ao começar a digitar.
Vi nos minicontos, perfeitas frases que usamos para consolar ou para nos enganar. Vi em seus contos uma verdadeira enxurrada de pensamentos, que tomo a liberdade de dizer, compartilhei dos mesmos em vários momentos. São impressões que me marcaram e guardaram o lugar deste livros, permanentemente, na minha cabeceira.
Só tenho a agradecer a M. Gramacho por ter procurado a gente, devido a indicação do maravilhoso Marcelo Araújo. Os autores sempre nos agradecem pela divulgação, mas volto a repetir, quem merece todos os agradecimentos são os autores, pois me proporcionam viagens magníficas através das palavras, me fazendo valorizar a cada dia, a literatura nacional. Mais uma vez agradeço por Gramacho em compartilhar de tão belas palavras e pensamentos, por me contagiar e me embriagar com suas crônicas e contos. Seus livros podem ser pequenos, mas são carregados de sentimentos e emoções.
ONDE VOU COMPRAR ESTES LIVROS?
Com a própria autora através do email: mcgfcbk@gmail.com
CONTATOS COM A AUTORA
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Gostei daquele "Sobre medo e flores".. Parece interessante... Beijos :*
ResponderExcluirdocecomo-ficcao.blogspot.com
É muito bom mesmo. Para mim é o mais profundo. É uma ótima sugestão para quem busca uma reflexão no cotidiano. Obrigada pela visita. Pode voltar sempre viu?! Até mais.
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